Romance ‘Se o tempo não fechar iremos ao cinema’ é um bela metáfora da arte perante a opressão

Jansen 2023 - Romance 'Se o tempo não fechar iremos ao cinema' é um bela metáfora da arte perante a opressão

 
 
 
 
 

Fernando Andrade | escritor e jornalista

Uma imagem pode nos dizer entre mil palavras que fazem algum sentido. Podemos ficar entre o literal numa imagem crua de um homem velho, e o figurativo um céu com várias nuvens cinzas.Podemos dizer que se o tempo não fechar, iremos ao cinema, com a marca da literalidade, do tempo fechado. O tempo fechou pode nos dizer da falta de liberdade de um governo autoritário. O cinema como forma de praticar a liberdade de opinião, a crítica contundente aos regimes autoritários. Neste livro do escritor Jansen Hinkel, Se o tempo não fechar iremos ao cinema, Editora Penalux. Temos uma família que vive os tempos sombrios da ditadura militar brasileira.
Com sua pessoas críticas, do universo liberal e artístico, temos a vida como rotina de uma espera beckettiana sobre o devir do silêncio, o começo do sopro da redemocratização.
Jansen tem uma escrita sensorial e imagética onde a liberdade nos apresenta por esta simples afirmação cotidiana de ir ao cinema se não fechar o tempo. A espera avança, as crianças aguardam à ida ao cinema, e cenas violentas surgem no cotidiano com animais sendo decapitados, policiais investigando, Uma rotina que surge de indícios de que algo além do banal do mal, nos apresenta com metáforas de algo velado aos olhos de uma família de classe média brasileira. Lydia uma amiga da família pinta a violência com cores, e com formas cruas e ao mesmo tempo viscerais. O cinema aparece como fundo e forma de narrar onde os cortes nos fundem ou confundem as verdades perante as informações oficiais.

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