Fernando Andrade entrevista os poetas Davi Koteck e Luiza Casanova

David Koteck - Fernando Andrade entrevista os poetas Davi Koteck e Luiza Casanova

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Fernando Andrade: Este diálogo extremamente poético de vocês dois me lembrou os filmes do Eric Rohmer, onde os personagens são sempre muito livres e espontâneos. Eles criam uma linguagem bem própria dentro espaço-tempo cênico? Falem um pouco disso.

Davi Koteck: Na nossa poesia o diálogo funcionou naturalmente, já que durante a vida cotidiana, nós nos impressionamos com imagens semelhantes. Parece fácil que a conversa poética exista, porque conversamos sempre na mesma estética. O que não quer dizer que seja um diálogo fluido, às vezes, inclusive, ele surge de maneira ríspida, e essa incomunicabilidade funciona.

Fernando Andrade: A poesia é uma expressão artística considerada muito solitária e introspectiva. Mas vocês possuem uma empatia com seus leitores que torna o livro quase uma reunião entre amigos. Como foi este clima para a escrita? fale um pouco do projeto.

Davi Kodeck e Luiza Casanova: Quando nos conhecemos na oficina literária do Assis Brasil, em 2018, falávamos que ainda escreveríamos um livro a quatro mãos. Durante o início da pandemia, em 2020, buscando coisas para se ocupar, trocamos e-mails com poemas, no intuito de se estimular literariamente. O resto do processo fluiu como uma grande brincadeira.

Fernando Andrade: Há um fio muito bem urdido por vocês que conecta todos os poemas entre si. Como foi pensada esta costura tão orgânica do livro?

Davi Koteck: No começo apenas respondemos o poema um do outro repetindo a temática, ou até mesmo a palavra, no entanto, em um certo momento do processo, já estávamos conversando na mesma língua, no mesmo ritmo, na mesma frequência. São poemas que tratam do mesquinho e se unem por uma falta de pretensão. Durante a montagem do livro, percebemos que os poemas já transitavam no mesmo lugar. Um imitando o outro.

Fernando Andrade: Uma história de amor não pode ser revistada sem suas referências, tanto estéticas como políticas. Me parece que também o livro é o processo de leitura do universo na qual vocês dois orbitam quanto às preferências estéticas, e autorais. Comente.

Davi Koteck: Até o título pode dizer mais sobre isso, porque talvez nós dois tenhamos pensado na mesma pessoa, e carrega uma infinidade de pessoas que amamos, que conhecemos, que odiamos, que inventamos juntos. Sobre as referências, desde o dia em que nos conhecemos, a Luiza foi a primeira pessoa a entender o Davi e o Davi a primeira pessoa a entender a Luiza.

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