Fernando Andrade | escritor e jornalista
O livro Valsa das flores pela editora Reformatório está catalogado como conto. Mas ao iniciar a leitura sinto aquele frescor da crônica, que tem na linguagem fluida e prosaica, seu maior trunfo. Mas algo ainda me diz que o livro de Alex Moreira Carvalho, Valsas das flores, editora Reformatório, tem sua singularidade também na ficção curta.E não é só isso, o livro parece conceber outras binárias completudes.O narrador ora é masculino ora feminino atuando como agente e personagem. O autor desmonta qualquer rótulo que o leitor possa referendar ao tentar dizer qual é identidade do livro. Contos que podem falar de uma ficção longe da experiência do narrador, ou ter algo muito próximo dele no seu precioso cotidiano. E para isso Alex usa uma vivência sua, analítica da psicanálise a misturando com doses de humor e ironia. O livro traz muitas referências à arte e alguns causos contados como se fosse um certo trovador. Mas diante do experienciado do cronista, o que pode a ficção desbaratar com a farsesca, a anedota.
O autor usa a ficção não para desmontar o estilo prosaico da crônica, mas tecer certo efeito de ambiguidade entre o real e o inventado. A linguagem oral permeia o relato biográfico, ora assume a mais pertinente ficção.
As referências tanto da psicanálise quanto de suporte artístico, ajudam a criar não um efeito de entranhamento com as misturas tanto de cunho sexual, masculino\feminino, quanto de gêneros literários.
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