Fernando Andrade | escritor e crítico de literatura
Estamos todos dando cambalhotas no universo. Por que somos gritantes para com a brincadeira, este tal universo mais próximo de nós, a casa, a escola e o trabalho nos dá os dedos da mão para passearmos um pouco com as amizades, os amores e até no esporte. O verso e a conversa parecem até gêmeos, pois ambos trocam palavras sobre cor, som e ritmos que fazem da vida um pouco mais melódica.
Neste tom que escuto como uma boa análise de uma ótima psicanálise, o livro de contos da escritora Lívia Machado, Uma estrada toda sua, 7 letras, onde a previsão não é má nem adoece. Ela é apenas uma brincadeira para não se paralisar pelo medo, pela fobia ao entorno. Assim como voar com uma galinha, aos seis anos de idade, de cima de um telhado, pode ser algo mais que seu nível de ansiedade com as coisas em volta.
Livia testa suas narrativas cortando as neuroses pela raiz, com muita afronta na linguagem e na semântica. São pessoas que se protegem lendo cartas do romance Idiota. São eus individuais mergulhados em potes de geleia, para experimentar sabores e cores que façam algum sentido. O livro da autora é um intenso mergulho nas camadas mais internas da gente humana, que pela escrita, sensível, e minuciosa, se pode chegar ali numa outra tênue zona de autodescoberta sobre si.
O livro começa na primeira parte narrativo numa ficção bem especulativa, partindo para segunda parte numa esperta fronteira com a autoficção, mas não a percorrendo por inteira, apenas trocando, gozando com seus aspectos biográficos. Dizem que rir de si mesmo é a melhor terapia!
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