Fernando Andrade | escritor e jornalista
Estamos sempre escrevendo com olhos no passado. Se o futuro parece uma miragem com desenhos para evoluir em sinais de porvir, a grande janela das lembranças parecem nos deixar até mais infantis do que somos. Rememorar as pequenas sinergias da ação que foi, é o que parece que o escritor pondera em palavras que muitas vezes trazem o que não existe mais para o brilho da linguagem descritiva e narrativa da literatura. Mas há alguns autores que parecem mais apegados aos rastros e pegadas da lacuna do ontem. Pois trabalham com as simbologias e arquétipos de uma escrita que arranca a história e a memória de um museu que há muito não é visitado pelos olhos leitores.
As referências seriam está caminho de traçado para juntar o grande evento da histórica marcha dos acontecimentos com nossa pequena singularidade da experiência? No livro Corpos Luminosos, da escritora Eltânia André, ( urutau) o traçado é da própria experiência literária de fluência dos pequenos gomos chupados da imaginação de todos os autores lidos por Eltânia.
Há margens de Borges, nas suas peregrinações por lugares ancestrais, e fabulosos, de Ítalo Calvino, em sua capacidade de formular ciência e fantasia em jogos experimentais com a linguagem. Eltânia cria enredos onde os personagens buscam algo capturado pela viva e rica fabulação de tropos narrativos desde a antiguidade, até o século xx. A tessitura da escrita é tão bem tramada pela autora que o rico e vasto repertório de imagens se costura tão bem à trama, que os marcos temporais dos eventos parecem suceder, agora, com o frescor das potencialidades.
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