Livro ‘Triptik’ uma viagem na terra dos gurus e outras bandas faz do percurso uma experiência para escrita | Fernando Andrade

Luiz Fernando de Araújo Brandão - Livro 'Triptik' uma viagem na terra dos gurus e outras bandas faz do percurso uma experiência para escrita | Fernando Andrade

 

Fernando Andrade | escritor e jornalista

O texto reportagem é um texto que não adere as paisagens do corpo, suas janelas para um texto deste estão sempre procurando a fonte do que se escutou. A ideia do relato de viagem, não é traçar tanto uma intimidade do eu narrador procurando relações entre o dentro do que fala para com o entorno selvagem e desconhecido. Mas há no relato uma certa lenha para queimar de uma intimidade que o narrador empresta à sua trajetória de percurso. São dois movimentos sinuosos, que uma viajante empreende ao fazer uma certo percurso onde se desloca fisicamente, mas sua perene alma também é uma andarilha de movimentos mesmo que seja internos. Eu percurso o ideal interno, para fazer minhas pernas e minha vontade ir e chegar a certo ponto.

Estas relações de pontos, linhas de percurso, e travessias por enclaves geográficos, o escritor e jornalista Luiz Fernando Brandão, desenha e desenvolve muito bem seu livro, Triptik, uma viagem na terra dos gurus e outras bandas, (Confraria do vento) que sai da fórmula apenas de ser uma viagem de descobrimento. Fernando é sempre atento as nuances do retrato onde a lente reflete e move o olhar do narrador. Seu olhar câmera é caminhante, pois para o jovem autor ele já sai do país com sua trilha fisica e espiritual e até musical ja estabelecida. Dias e dias num navio grego mercante, escutas internas da solidão ao mar, o desapego familiar para um entorno que sua cultura não conhece.

O jovem autor só tem sua escrita e sua memória para tatuar nas mãos e no pensamento a filosofia da yoga que irá se nutrir durante uma época na Índia. Quando chega fica dias no navio esperando certas entraves culturais e burocráticos. Ao chegar, vê que o mundo não é tão grande a ponto de não caber tantas nacionalidades entrocadas na linha do oriente. A escrita se condensa e se concentra agora nos relatos e relações entre mestres e alunos, na pacificação do corpo, e na doma de suas pulsões en vontades. O narrador é agora uma antena que puxa e capta até os mais leves sinais de transformação do corpo espírito com aulas e meditações, apaziguamentos do jeito aceleradíssimo do Ocidente.

A cultura refrata no olhar do poeta, desinforma estereótipos, forma novos juízos não de valor, mas sim poéticos. E nesta jornada que além de ser projetiva ao conhecimento para a jornada de ensinar e interiorizar práticas discursivas milenares, há também o elemento um tanto semiótico do escritor. Corpo escrita como película de absorver o conteúdo para o elemento de mimese de um representação da realidade que só se opera pela análise figurativa do desejo.

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