https://www.editorapatua.com.br/nunca-estive-em-tubingen-de-lilian-aquino
Fernando Andrade | escritor e jornalista
Tenho pensado no Eu lírico exposto no espaço. Pessoa para encarar a dureza da pedra do argumento. Mas mesmo uma pedra no caminho tem seu jogo poético quicando como uma boa caminhada. Estamos atrás do gosto do outro? Como um passeio de carro bem Abbas Kiarostami, tentando sentir o jeito das palavras na direção do amor dialogado. Vamos à volta com nosso devaneio cotidiano, que nos mostra que temos tantos objetos, fora, nos revelando origens como as pedras de Saturno.
Uma certa aranha no box do chuveiro nos dá a parceria exata da teia entre um poema enxuto e um sentido molhado. Relações de pegar na mão, das trocas diárias entre um sinal por outro, onde o corpo não deve ser um item devolvido, porque há tanto sujeito determinado a inferir se a troca deve ser devolvida por mau uso. Nunca estive em Tübingen, editora Patuá, da poeta Lilian Aquino, faz de um cotidiano uma leitura do entra e sai do entorno que nós, corpo, pensamos na semântica do reflexo num sentido a mais de que uma imagem, apenas. É como esta imagem projeta o nosso eu depois que botamos um dedo ali numa coisa ou num evento.
Esta pequena elegia onde sabemos como um elefante de tão terno e pesado pode fazer eco e conjunto com a paisagem urbana de uma grande São Paulo. E para isso temos e precisamos nos afastar da ideia do muro, bloco de oposição e antagonismo entre um desejo da pegada e uma obra lírica, outrora. Portanto, para um lavrador não basta o (Agri) culto às palavras, em seu campo romântico e semiótico; é preciso a colheita parideira e partideira, onde o espaço não seja pequeno para cada um de nós, e sim, compartilhado pelos signos da leitura que são sempre mais livres num vasto pensamentos de ideias.
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