Soviéticos | conto de Fernando Andrade

AFernando - Soviéticos | conto de Fernando Andrade
 
 

Soviéticos

 
 
Criméia e Vladivostok eram dois amantes soviéticos. Traficavam vodca, embora, a vodca fosse a coisa menos fluída da garrafa. Misturada à bebida havia uma solução (su) gênesis criada lá mesmo, que era um licor da beatificação que quando tomado por engano provocava reações puritanas\ evangélicas.
Eles traficavam a tal bebida através do canal de Vladivostok que foi a rota dos mongóis quando descobriram a América. Chegaram ao Alasca de balsa e deixaram a bebida com York, menino prodígio. Dali a droga da rendição era levada de ônibus escolar para “disfarçar” até o Canadá e os Estados Unidos, da onde era vendida como licor do amor.
Vlad ficava esperando exatamente na península onde ele acabava se dando ao auto – erotismo. Quando recebia os dividendos das transações com os esquimós, – Crimeia que já tinha sido autuada por atentado violento ao pudor por botar um brinco nas frinchas do rabo em plena rua da Índia – inclusive sendo chamada de vaca. Brinco, este, colocado por um tatuador japonês, San Sumatra, região conhecida pelos animais mais feios e esquisitos da terra.
Quando chegavam lá, tocavam o diabo-da-tasmânia em surubas e encantos de fórum íntimo. Embora não fosse segredo para ninguém da região onde faziam o sexo boquiaberto. Criméia achava que eles não poderiam usar o licor do amor, por já ter tanta religião-rendida-rendosa fluindo por toda Ásia.
O licor já tinha se disseminado pelas vias tanto das avenidas de Nova York como vias seminais lacrimais. Houve um surto de comiseração em toda população americana. Neguinho saía na rua sem nenhuma intenção de comer quieto. Muito pelo contrário, via-se gente pregando o amor ao próximo sem levar nada do outro.
Até os batedores de carteira na sétima avenida começaram a dizer e cantar Aleluia!! Olha como a lua tá linda!! Enquanto isso, Vlad e Criméia entravam com meia entrada no cinema para ver Valerie e a Semana das Maravilhas; um filme tcheco que fala de amor livre, ou sangue livre, já que se trata de um filme de Vampiros eslavos. Nesta época a cortina já tinha sido abaixada.

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