Livro de poemas-texto 24 horas- haiku embaralha as noções do tempo dentro de uma linguagem híbrida entre o poema e a prosa para falar do poema-evento e o miraculoso | por Fernando Andrade

Daniel Costa Cobra Leite - Livro de poemas-texto 24 horas- haiku embaralha as noções do tempo dentro de uma linguagem híbrida entre o poema e a prosa para falar do poema-evento e o miraculoso | por Fernando Andrade

 
 
 

Fernando Andrade | escritor e crítico de literatura

Um poema-ação desliza na planura da imagem. Não sendo literal, pois imagens tornam-se fendas de sentidos. São exatamente buracos onde os signos se volatizam em certos torvelinhos. Como um buraco do coelho de Alice? Um poema imagem que seja um frêmito de segundos, é possível?   Mas que caiba num piscar de olhos, onde a semiótica enxergue sua máxima capacidade absortiva. Este poema é lapidado por poucas palavras-versos que concentram um estudo sobre a página em branco, quanto menos dizer, + contenção; a máxima significação.
Vejo então este livro do poeta Danilo da Costa-Cobra leite, 24 horas – haiku como uma pequena série de curtas metragens sob a égide de um cronologia de eventos que passam para trás como uma espiral de tempo, onde não sabemos se existe um labirinto, onde as cenas se conectam umas às outras, ou se a marcação do tempo  puxa tais acontecimentos de um nascimento de filhotes de cães numa certa casa onde a rotina parece se engalfinhar com certo espíritos dos gatos acrobatas, onde pulos, saltos parecem mexer com a casualidade mais poética.
Danilo tece esse fio cronológico de situações que parecem cotidianas, mas estão sobre os efeitos de poderosos interstícios. A cadeia dos fatos é tão fragmentada quanto uma certa tensão sobre o devir da ninhada de cães.  Não digo que os personagens que circulam pela história-verso sejam fantasmas de uma projeção do destino ou do karma de algum produto que rege as leis da vida.
O poeta não tenciona as marionetes que puxam os fios que movem os pés e mãos do seus entes-personas. A tensão ocorre pela própria fricção dos movimentos dos versos-cenas que puxam a velocidade cinética do trem-poema.

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