Livro ‘Meio estreito’ faz da língua uma cidade vazante de espíritos e afluentes de caminhos e percursos | por Fernando Andrade

Roberto Menezes - Livro 'Meio estreito' faz da língua uma cidade vazante de espíritos e afluentes de caminhos e percursos | por Fernando Andrade

https://www.caoseletras.com/meio-estreito

 

 

 

Fernando Andrade | escritor, jornalista e crítico de literatura

Se vazo o terreno para andarilhar, qual será meu destino por entre percursos de rios que cortam a cidade como uma influência molhada de objetivos e desejos mais íntimos? Se em cada quebrada existe um barraco por onde me despeço ou despedaço, caindo ou pescando meus frutos, meus peixes, como escrevo ou me mimetizar em texto ou conto ou ficção para me tentar ser inteiro na agonia de uma cidade que me perdem ou me canibaliza pelos meios sórdidos ou sociais. Existe algum meio estreito onde eu possa me comunicar para além de uma solidão anestesiante para com meus amigos personagens?
Quero sair desta resenha e ser um homem tranquilo, mas não dá. São tantas paredes que me mantém preso aos gêneros, meu objetivo é possuir pés que musiquem os caminhos, que letre destinos, como certo Roberto, o Rei, mas se parece mais com certo trovador da urbe, de fazer samba de breque, com os percalços descalços da epifania brasileira da gente (desaparecida?) por rostos e mapas de um país qualquer.
Roberto tem a língua das ruas, gírias e dialetos são seus amuletos históricos para um levantamento que não é sociológico, porque parece mais uma alegoria da MPB, mais cultural deste nosso trópico mal-emovente. O autor “esquece’ de titular as narrativas fazendo da tipografia da cidade, quebradas linguísticas por onde o espírito canta( citação à Itamar) e bebe da esponja de uma língua multicultural e aglutinante. Tudo é via nesta Sampa Caetaneda.

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