2 poemas de Elciana Goedert

Elciana Dia da Consciência Negra - 2 poemas de Elciana  Goedert

 
 
 

Ideologia vergonhosa

Por séculos um cancro persiste
Há anos, desde a colonização
Na sociedade entranhado
Mesmo sem a escravidão
Racismo no Brasil? Velado.
Em muitos lugares, situações
Vergonhoso, escancarado.

Não, não são apenas ações
Também não é fato isolado
O povo negro sente na pele
E sabe o quanto lhe dói
Está no sistema impregnado:
O preconceito prejudica,
mas o racismo o destrói

Vemos um processo político
Dum povo sofrido, explorado
Um longo caminhar histórico
Do negro subalternizado,
oprimido, invisibilizado.

A minoria que se agigantou
No Censo vemos: é a “maior etnia”
Ela luta contra a normalidade
De tantos absurdos e insensatez
Só aumentando tanta desigualdade
Baseada na cor de sua tez

É estrutural essa falsa ideia
De que existem raças superiores
Erro que tem intencionalidade
E só corrobora com a exclusão
Deve sim ser por nós combatida
Com senso e responsabilidade
Nas empresas, na televisão
Nas escolas e na universidade
E nas campanhas de publicidade

Chega de tantos estereótipos
De juízo de valor equivocado
Que está bem longe da realidade
Julgar que o negro é menos capaz
Apontá-lo como sendo o culpado
Ou então apto a ser subempregado
Chega de propagar tais rótulos
Como exclusivos de negros fenótipos

 

ESPÉCIE MULTICOR

A humanidade é tão contraditória
observe ao longo da nossa história
Muitos dizem gostar de multicores
mas na cor de pele, são opressores

Surgiu até um louco raciocínio:
criou-se campos de extermínio
para tornar a raça pura
Como se isso fosse a cura!

Qual a razão de tanto temor?
Cor da pele não tem como impor.
Abaixo dela não há discrepância
Por que persiste a ignorância?

E continua minha indagação
Para que tanta presunção?
A pele não guarda o caráter
Não é tão difícil entender.

Se a questão é melanina
é o DNA quem determina
Raças são de várias origens
Espécie, só uma: Homo sapiens

Igualdade se faz com atitudes
preconceito só nos torna rudes
E essa é a verdade afinal:
todos teremos o mesmo final!

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