Rúben António Silva Marques, português, nasceu em Louriceira, Alcanena, no ano de 1994.
Formou-se em Gestão do Território pelo Instituto Politécnico de Tomar. Atualmente conta com três livros de poesia publicados, “Segredos Despertados” em 2013, “Um Pedaço de Viagem” em 2017 e “Navegações pelo Tempo” no ano de 2020. Conta com várias participações em antologias poéticas.
O que faz um poema?
O maior dilema
É saber se é um poema.
Rima, compasso, sentido,
Palavras libertas do dicionário…
Um conjunto de requisitos bem envolvido
Será obrigatório ou arbitrário?
O poema prescinde reconhecimentos,
Porque é composto pela ausência de pretensão,
Em que apenas as palavras são filamentos
Despontantes de uma própria dimensão.
Não sei se percebo
Como o poema se move e espalha,
Por entre as linhas da realidade,
Mas agora aqui estou eu,
A sondar cada grão da sua existência,
E é bom…
Cosmos
À deriva no cosmos,
Sobrevivendo na caça de prémios
Com uma filosofia esguia e esquiva,
Negando a espera passiva
Por algo ou alguém,
Que não preencha aquém.
No final de cada perseguição
Só fica a ausência de resolução,
Nada para alcançar,
Apenas o tempo para marcar.
O agridoce da história,
Do final de uma história,
Leva à procura de sinais
De uma vida legítima,
A ligação nos episódios triviais,
Que acima de tudo redima,
Uma busca além da conformidade
Pelos passos da própria fragilidade.
Quando é Verão?
Como saber quando chega o Verão?
Soa no ar a lira invisível
Do sol do teu sorriso,
Que banha o oceano de uma imensidão
De luz granulada e irredutível,
O céu azul, limpo e indiviso,
Mostra os montes distantes
E as sombras, cobertas de subtileza,
Tornam os dias mais durantes
E imbuídos de nova viveza.
Um prelúdio de chuva
Um prelúdio de chuva
Preenche o vazio do labirinto,
Um desejo sem suficiente precisão,
Mas persistente,
De que o céu desabe.
Nuvens e nuvens escapam para além do visível,
A chuva demora
E a desconfiança no horizonte
Desponta da ausência.
De entre uma esperança imaginada
E uma realidade confrontada,
Ergue-se a latência da proximidade.
A materialização recua,
Amanhã os braços esticar-se-ão mais além.
A chuva sempre iminente,
Sempre por cair, por cumprir, por existir…
Sempre a saudade de um passado,
Que nunca se escreveu.
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