Livro de poemas ‘Oratórios d’água’ faz do diálogo uma voz silente com musicalidade do silêncio | por Fernando Andrade

patricia claudine oratório das águas - Livro de poemas 'Oratórios d'água' faz do diálogo uma voz silente com musicalidade do silêncio | por Fernando Andrade

 

 

 

 

 Fernando Andrade | jornalista e escritor

O tempo é um rio corrente. Mas não tem margens, já que o presente ou futuro é um só leito(r). Esta dimensão do tempo, muitas vezes, foi associado às águas que fluem ao sabor das narrativas. Pois, narrativas também são rios que correm pelo espaço-tempo. A poesia é uma embarcação que transversa o tempo com suas travessias rumo ao mar adentro. Mas não há gente dentro dela, há sim, a linguagem que corre, e flui para um destino sem cortes. O cinema é uma arte das águas, pois há uma imagem que flui ao sabor do córrego e dos cortes que não param de cessar. São fluxos de imagens poéticas que discorrem sobre uma persona no sentido do demasiado humano. É o que esteia o homem na sua figura humana enquanto ser finito. Ser baio de morredura.

Esta relação entre universos imateriais com a dimensão física, perene, vi no novo livro da poeta Patrícia Claudine Hoffmann, chamado Oratórios d’água, ( editora patuá).  São poemas onde o sacro tece uma relação de diálogo com o corpo e suas afetações. A poeta liga o céu com os astros da linguagem voltaica sobre os espaços- de-vãos da linguagem.  Cine-orações em mãos e sermões poéticos, mas nada a ensinar, apenas, intuir a musicalidade do (v)entre-sentidos para uma coloração do figurado, das alusões entre falar e cinzelar o claro-fusco da palavra.   

Please follow and like us:
Be the first to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial