por Fernando Andrade | escritor e jornalista
Depois de morto você fará o quê com suas leituras? Perguntou o investigador da dor. Serei um personagem na cabeça de alguém. Pois, alguém, certamente estará pensando em mim. A imortalidade não é nosso reflexo se firmando no horizonte dos viventes. A imortalidade é o traçado da sublimação da ficção ou da poética. São formas e jeitos de fazer arte como o aqui e agora.
Como pegar um pedaço de barro na mão e moldá-lo numa ação de cinema. Os pedaços vivos do que somos são parte do que lemos enquanto séries de fotogramas pelo olho que filma o transcurso do movimento, a leitura é movimento ao devir, sua cabeça pulsa (hoje) com aquele quadrinho que um dia na infância leu e o surtou.
Não é colagem o que um artista como Alessandro Romio faz em sua obra Animais provisórios, editora Patuá, mas sim, percursos de ideias temas, ideias mortes que mimetizam o corpo de alguma sensação do poeta, em espera para desenhar linhas e pulsões, seu espírito criativo é um titereiro recebendo fiações-filiações da matéria animada da arte.
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