Liga da Justiça de Zack Snyder é ÉPICO – Por Marcelo Frota

liga da justiça Marcelo frota - Liga da Justiça de Zack Snyder é ÉPICO - Por Marcelo Frota
 
 
 
 

Marcelo Frota | escritor e professor

Uma palavra define Liga da Justiça de Zack Snyder: épico. Da longa duração, cerca de quatro horas, as batalhas que os super-heróis travam em diferentes momentos da projeção, tudo é superlativo, e tudo é necessário para contar a história que Snyder queria originalmente contar, mas não foi permitido. A conturbada produção de Liga da Justiça em 2017, somou-se ao descontentamento da Warner Bros. com o resultado final tanto da bilheteria, quanto das críticas sofridas por Batman vs. Superman: A origem da justiça.

Como resultado desses descontentamentos, Zack Snyder foi afastado da direção de Liga da Justiça e substituído por Joss Whedon, diretor dos dois primeiros Vingadores da Marvel e que entrou para atenuar o peso da trama e “concertar” Liga da Justiça. O resultado final ficou muito aquém das expectativas e o filme tornou-se um fracasso tanto de crítica, quanto bilheteria. Um Frankenstein formado pelas filmagens originais de Snyder e das refilmagens comandadas por Whedon.

Tão logo Liga da Justiça foi lançado em 2017, e foi comprovada sua falha artística, assim como a sua ineficácia como filme de super-heróis, foi iniciada uma campanha pela internet para que o corte original do diretor Zack Snyder fosse lançado. O Release the Snydercut tomou proporções gigantescas, com o clamor dos fãs pelo lançamento do corte idealizado por Snyder. A campanha surtiu resultado com o sinal verde da Warner Bros. em 2020, mostrando o poder dos fãs tanto do diretor, quanto dos personagens de Liga da Justiça.
O que nos leva a 18 de março de 2021, dia do lançamento de Liga da Justiça de Zack Snyder no serviço de streaming HBO Max.

E o Snydercut, como o longa ficou conhecido, entrega tudo que prometia, e muito mais. Com a liberdade criativa assegurada, a versão de quatro horas de Liga da Justiça é o filme de super-heróis que todo fã gostaria de assistir. O diretor faz uso do tempo para desenvolver a trama e os personagens. Tudo faz mais sentido no filme, das piadas do Flash a ressurreição do Superman, passando pela reunião da equipe de heróis que precisa, inevitavelmente, salvar o mundo.

A procura de Batman e Mulher-Maravilha por outros metahumanos, desenvolvida na primeira metade do filme, se entrelaça com os dramas pessoais desses personagens que precisam ser convencidos a participar da equipe. O Aquaman mostra os traumas que o levaram a rejeitar a humanidade e o povo de Athantis, dando mais substância ao personagem. O Flash tem seu personagem bem mais desenvolvido, e é possível compreender o que o motiva tanto a procurar vários empregos para pagar a faculdade, quanto para fazer parte da Liga da Justiça.

O personagem que ganha mais tempo em cena, e tem seu arco dramático melhor explorado é o Ciborgue. Toda sua dor e frustração são mostradas no filme, assim com seu ressentimento com o pai que, para salvar sua vida após um acidente automobilístico, o transforma em meio-homem, meio-máquina. É a redenção de um personagem que precisava de mais tempo em cena no corte original lançado em 2017, e que agora tem seu verdadeiro propósito mostrado em cena.

Liga da Justiça de Zack Snyder também mostra o quanto uma edição bem feita é valiosa, assim como o tom imposto pela direção de fotografia. Enquanto o filme de 2017 era mais colorido, Liga da Justiça de Zack Snyder faz uso de uma paleta de cores mais sombrias, o que torna o filme mais realista e denso, e nem por isso, menos leve e divertido. Sem o visual carnavalesco, os personagens ganham mais camadas e a tensão é melhor sentida em cena.

Um dos pontos chave, o retorno/ressureição do Superman ganha em dramaticidade com o alongamento da trama que a precede. A densidade propriamente dita é a visão do Ciborgue, literalmente um segundo antes, do que o retorno do Superman poderia representar.
Sem dar spoilers, as consequências seriam catastróficas. Mas como sabemos, Superman retorna e se torna a força motriz que contribui para a vitória da Liga da Justiça na batalha final.

E falando em batalhas, Liga da Justiça de Zack Snyder é um filme com cenas de ação épicas. Da luta das Amazonas, dos Homens e dos Athantis num passado remoto, ao resgate dos reféns que poderiam revelar a localização de uma das Caixas Maternas nos subsolos de Gotham City, a batalha final na Rússia, tudo e superlativo, ritmado e coerente. Batman mostra o guerreiro urbano que é, assim como Ciborgue, Mulher-Maravilha, Aquaman e Flash (que está aprendendo a lutar), tornam as cenas de ação um dos momentos altos do filme. Se há um excesso de slow motion, isso nada mais é que o estilo do diretor, e em nada compromete a trama do filme.

O resultado final de Liga da Justiça de Zack Snyder é positivo, e muito superior ao filme lançado em 2017. E a cereja do bolo, é a aparição do Coringa de Jared Leto no final, uma espécie de redenção ao personagem e do ator. O Coringa é sinistro, debochado, cruel e muito divertido de uma forma insana. Muito diferente do que foi visto em Esquadrão Suicida, outro filme em que a vontade do estúdio se sobrepôs a visão do diretor e resultou em um produto final risível.

O sucesso de Liga da Justiça de Zack Snyder pode abrir as portas para uma futura continuação, já que os planos do diretor era desenvolver uma trilogia. A possibilidade é mínima, mas depois do lançamento do Snydercut, nada é impossível.

Please follow and like us:
Be the first to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial