Fernando Andrade entrevista o escritor Elias Fajardo

ELIAS FAJARDO - Fernando Andrade entrevista o escritor Elias Fajardo
 
 
 

FERNANDO – O desejo nos seus contos não é apenas pelo encontro físico entre homens e mulheres, entre mulheres e mulheres, homens com homens, há também um certo atrevimento pela palavra, a sanha dela em mexer com sua índole, sua musicalidade. Fale disso.  

ELIAS  – Somos todos seres desejantes, o desejo nos move e tanto pode nos levar para planos mais elevados e agradáveis como pode nos causar impasses e dificuldades. A gente nunca sabe onde colocar o desejo. Os personagens de “Carona é uma coisa muito íntima” se movem em busca de si mesmos e do encontro com o outro. Daí o desejo.

 

FERNANDO –  A intimidade de um carona, é muito bem poetizado por você. Estar dentro de um carro com um motorista que você não conhece, dá um bom espaço para a fantasia, a imaginação. Como foi o desenho deste conto em específico? E Minas parece uma região muito boa para certa linhagem insólita?

ELIAS  – Fiz uma primeira versão chamada “Coisa de louco”, mas achei o título banal. Até que uma amiga disse a frase “Carona é uma coisa muito íntima” pois a incomodava dar carona a quem ela não conhecia. Aí pensei numa empregada que viajava de carona e pontua a discussão tipo “papo cabeça” dos dois protagonistas. Minas sempre me inspira e o Rio também, já que vivo aqui há décadas.

 

FERNANDO –  O mito ou o arquétipo é um elemento que transborda uma certa história, pois ele dá ao enredo e personagens um movimento e mobilidade que sai do campo do senso comum para uma figuração com matizes poéticas.  Pensando no conto Orfeu e Lucinha.  

ELIAS – Pensei no mito de Orfeu, pensei em Morfeu, o deus do sono, e fui em busca de outros rumos, numa figuração poética. Escrevo em prosa, mas a poesia e os arquétipos sempre se fazem presentes em meus escritos. Os personagens estão em movimento, pois assim é a vida.

 

FERNANDO – No conto Simur, você trabalha mais a linguagem, do que a história em si. Ali há um relação de familiaridade com as noções do entorno\estrangeiro , de frases coloquiais de uso corriqueiro, no cotidiano mais prosaico,  mas também, uma espécie de jogo cultural com o tecido social por onde a língua se frutifica e expande. Fale um pouco deste conto.  

ELIAS  –  “Simur” foi uma tentativa de experimentar, de explorar novos contornos e contextos. A linguagem é o grande protagonista, mais do que a história. É um jogo cultural entre a imagem e o que ela nos revela e também o que ela nos esconde.

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