Livro de poemas Paganíssima trindade mexe com as sensações do corpo na estética muito cinética  da poesis de Mô Ribeiro | por Fernando Andrade

por Fernando Andrade | jornalista e crítico de literatura

Vamos substituir a trindade do Espírito santo que no carnaval deve andar de bamba, por uma trindade do corpo, mas atrelamos o desejo na poética. A trindade ficaria assim: corpo, mente e poesia.  Pois a linguagem nos faz morada, desde a caverna de Platão. Somos aquela luz do cinema a projetar sonhos, aspirações e desejos na tela interior de nossos olhos.  A poesia nossa de cada dia está para nos mover de lugar e trocar nossa sala de estar pelo sala do ser. Nos dimensionar na linguagem onde sintomas, dores, cansaços, podem dançar por outras linhas de fugas, como a palavra dançante na poesia. 
 A mente está muito ligada ao imaginário, aos símbolos que nos fazem projeção. Nesta relação entre corpo\linguagem e imaginário dos nossos movimentos perante a vida, que trata muito delicadamente o livro da poeta Mô Ribeiro, Paganíssima trindade, pela editora Penalux. A autora nos balanceia no aspecto lúdico do verso, brincando com os signos linguísticos, e fazendo deles uma entropia bacante com os sentidos.
 Pois os sentidos estão sempre presos ao corpo? Como na parte inicial, onde as pernas servem à impulsos de entorno. Cada parte biológica do corpo se conecta com uma parte sensitiva da estética linguagem da poeta. Mas as impurezas estão lá, as inexatidões, as imagens do ser em imensa promulgação do enredamento com o humano; gritam vozes polissêmicas. O humano demasiado humano do filósofo bigodudo está imerso na filo-poética de Mô Ribeiro.    

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