Livro de poemas “Todo abismo é navegável a barquinhos de papel” metaboliza a experiência em visuais inflamações de cores e sentidos pela tela da escrita | por Fernando Andrade

davi 7 letras - Livro de poemas "Todo abismo é navegável a barquinhos de papel" metaboliza a experiência em visuais inflamações de cores e sentidos pela tela da escrita | por Fernando Andrade
 
 
 
 
 

Fernando Andrade | jornalista e crítico de literatura

A boca do estômago do poeta não digere as coisas mais vis, já que poemas não vão deglutidos, sua enzima não é decomposta, pois tente quebrar versos em partes menores. Podemos digerir frases de efeito, dias ruins,  o término de uma relação duradoura, mas daquilo que o poema experimenta – o seu gosto, sua duração, sobre o feito de, isto é inalienável. E há alguns poetas deixam este ato de ingestão, não quebrar moléculas de estética, um efeito que não é de deixar menor sentidos que emanam do poema.
 Traçar a linha da palavra-paisagem pelo caminho da lida, percorrendo uma infinda cotidianidade tanto nos enlevos amores silvestres de inflamáveis atos de combustão lírica sobre o sentir cada pedaço de encontro-amor, eventos que podem soar baladas tristes ou insanamente alegres. Esta dose nada homeopática de experiência sobre qual a lira de Davi Koteck em seu primeiro livro de poemas, Todo abismo é navegável a barquinhos de papel, editora 7 letras,  se debruça com uma espetacular perícia na linguagem sobrepondo tons do mesmo espaço-momento da coisa vivida. Vivido e biografado não se misturam e se compõe com tintas realistas.
As imagens se metabolizam em pastos sobre a relva, qual pintura que se desvanece sobre um tela branca onde não se sabe mais qual é primeira cor ali matizada. Aqui, estes poemas me lembram as explosões de tinta do norte-americano David Means, onde o insólito brota da realidade de forma mais prosaica e  violenta, como um incêndio que do nada se consome em brasa e carvão, pastas da mesma tintura gem. Davi revela por trás da beleza do cotidiano uma outra muda mutação, onde não é o alimento que se muda em energia e sim as palavras que se transformam em duplas criaturas entre o silêncio  e murmúrio do poético (in)dizível.

Please follow and like us:
This Article Has 1 Comment
  1. Roberto Monteiro Reply

    O rapaz é bom, mas estive eu pensando… do que vale desenhar versos sobre a dura e triste realidade deste país, deste mundo, transformar o meu eu lírico em um protestante poeta (ou pretenso poeta)… derramar lágrimas e desejos de um mundo melhor em teclas duras, se o que querem são versos sobre a vida… sobre o comum e mortal dia a dia de quem bebe álcool, fuma cigarros e escreve sobre isso… eu aqui, derretendo neurônios, vertendo sal pela desgraça do mundo e os poetas da existência a fazer sucesso com seus versos sobre uma vida qualquer… pois é… falei… ou melhor, escrevi… mas eu continuo aqui a chorar a desgraça do mundo, contra os bozo, contra as mazelas da política e do cotidianos de milhões de almas que penam o viver por viver a miséria nesta terra chamada brasilis… e acredito que assim como eu, existam outros tantos a lamentar a mesmice… abraços!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial