Livro de contos “Com a corda no pescoço” revela o que há por atrás de um inconfessável triângulo amoroso, mesmo de maneira inconsciente

ANDRE NIGRI - Livro de contos "Com a corda no pescoço" revela o que há por atrás de um inconfessável triângulo amoroso, mesmo de maneira inconsciente

 

 

 

por Fernando Andrade | critico literário e jornalista

No jogo teatral do espaço cênico de um triângulo amoroso mesmo que seus personagens não estejam no mesmo palco juntos, com suas linhas presas uns aos outros,  há uma estranha alquimia tecendo os desejos ou tracejados dos caminhos “individuais” de cada vértice. O caminho entre os destinos sobre os corpos de três pessoas que se digladiam na arena pelo querer do outro é predestinado, mas está volição por três, seria uma forma de anulação do próprio desejo de sintonia? De formar um laço entre mim e o outro que se faz inteiro.
Talvez estas junções façam parte de uma dança erótica, onde pertencimento não faça parte do jogo. Ou pertencimento é o jogo sobre o olhar de quem aposta no outro até no risco. Estas questões me fazem pensar nos personagens do novo livro de André Nigri, em seu livro de contos Com a corda no pescoço, Editora Reformatório,  um quadrilátero de ficções que parecem destruir paredes de uma certa comodidade narrativa. O autor parte de uma composição musical que se repete em todos os contos com algumas variações bem minuciosas. Se no primeiro conto ele explicita mais o tema que rebate nos outros, que é a figura do enforcado, aquele que está ou parece se encontrar com a corda no pescoço.
 Pois nestas enroscadas histórias de André estamos no terreno das projeções do sexo e do amor.  O interessante são as partituras musicais do autor, assim como em quase todas as histórias há um cara esperando num bar, tomando aquele campari, aguardando a companheira surgir no seu campo-mundo-visão.
  O aspecto de cada um seja homem ou mulher lhe dá um contorno de silhueta sob a feição que lhe marca algum tipo de máscara sob o rosto, ou destacar o espaço cênico, uma persona que traz sempre uma traço arredio sobre sua marcação no tablado onde os dois se jogam.  A ação é sob o signo do inconsciente à ponto de personagens como Helena, Maria,  não terem a percepção do que seus pescoços enovelam.  
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