Livro de poemas fragmentos de uma canção impossível desliza em vãos os traçados incertos do lugar-sentido | por Fernando Andrade

ArrudA fragmentos de uma canção impossível - Livro de poemas fragmentos de uma canção impossível desliza em vãos os traçados incertos do lugar-sentido | por Fernando Andrade

Fragmentos de uma canção impossível, de arrudA

 
 
 

Livro de poemas fragmentos de uma canção impossível desliza em vãos os traçados incertos do lugar-sentido

 

A canção move não só o ritmo de uma melodia, mas também uma falta. Aquela falta que falam os psicanalistas, que vem junto ao desejo por um afeto. Mas a falta na música muitas vezes é semantizada pela letra. O bom poeta sabe dar lacunas onde a palavra não infla, mas sim, esvazia os significados à ponto deles serem vagalumes da coisa exprimida.  É preciso não ter o dom da clarividência no poema, deixar o verso e sua musculatura soltas para tantas sinapses que fazem a ligação do sentidos. Imagens, aliterações, ajudam ao poeta à ruir uma pretensa arquitetura do poema (à) em pé, seu movimento para o pensar do leitor quando engole a mancha textual do poema.
O poeta arrudA acaba de lançar um novo petardo sonoro, fragmentos de uma canção impossível, editora Patuá. É um exímio artesão destas faltas onde trabalha com certas repetições, aliterações, dão ao seu poema um brilho muito musical, pois as partes se encaixam em vãos que fazem das palavras, movimentos. São as ausências que lidam com desejo de uma paisagem, uma figura da linguagem desnormalizando a coisa sensível.
O poeta faz uma cinética do espaço vazio, onde o deslocamento é muito mais sensorial através dos vocábulos e sentidos. É o ondular sobre a própria onda que acoberta sua parte interna, mas que sabemos correr sobre certo eixo.

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