Três poemas de Alexandre Brito

Alexandre brito Literatura e Fechadura 2020 - Três poemas de Alexandre Brito

 

 

escrever

seguir o curso
entre a surpresa e o susto

ler as entrelinhas
como o vento nos arbustos

 

***

faço versos
sim, faço versos
sou réu confesso
faço versos
quando tropeço
no universo

faço versos de bobo
e não há acerto
que me faça
não errar de novo

faço versos
porque posso
se não faço
me da um troço

faço versos
por nada
por pirraça
é a minha cachaça

faço versos
porque quero
se nesse mundo
tudo tem um número
o meu é zero

 

***

nunca mais digo nunca
nunca é muito tempo

e sempre também

vou dar um tempo
vou dar tempo ao tempo
o tempo engole o tempo
engole tudo
os bons os maus tempos
num gole o temporal

vou dar um tempo
até o singular
virar plural

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