Jean Narciso Bispo Moura entrevista o poeta e editor Luís Perdiz

DESEJO DE TERRA LITERATURA E FECHADURA - Jean Narciso Bispo Moura entrevista o poeta e editor Luís Perdiz

Luís Perdiz é poeta, letrista, compositor e editor do portal de literatura Poesia Primata, voltado para a degustação e difusão da poesia brasileira contemporânea.

 

 

J. N. B. M.: Quem é Luís Perdiz?
L. P.: Mamífero, amante da Poesia e demais maravilhas da natureza.

 

J. N. B. M.: Qual(is)corrente(s) literária(s) mais se comunica(m ) com o seu espírito poético?

L. P.: O modernismo brasileiro, a tropicália, o surrealismo e a geração beat são relâmpagos inesquecíveis no escuro do olhar. Ansioso por novas descobertas e novos mergulhos.

 

J. N. B. M.: O livro Desejo de terra parece bem mais potente do que a sua obra de poesia anterior. Há um processo de lapidação intenso, versos fortes e impactantes. Conte um pouco sobre a escrita deste livro?

L. P.: Embora a ecologia, o xamanismo e o encontro amoroso fossem temas centrais nos dois primeiros livros (Saudade mestiça e Visão incurável), também vejo em Desejo de terra a intensificação deste horizonte. Acredito que a proposta de fragmentos de visões em poemas concisos – cada um composto por uma única estrofe de cinco versos – nutriu um ritmo mais pontuado, cortes mais bruscos e imagens poéticas mais condensadas. Busquei neste processo uma poesia de revelações nas multiplicidades da vida. Acredito que seja fruto, em grande parte, da reação quase instintiva ao atual contexto de descaso ambiental e ataque ao que é diverso.

 

J. N. B. M.: A produção gráfica do seu livro é uma das melhores que tive acesso. Vi logo de início ao folheá-lo um registro fotográfico feito na região amazônica, você está debaixo de uma árvore e parece se comunicar com a natureza ou algo mais transcendental. A cena é um prenúncio do que o leitor encontrará na leitura dos poemas?

L. P.: Espero que sim. Muito do livro foi concebido a partir das sensações e emoções que brotaram durante as estadias na região. A parte mais dolorosa vem das queimadas.

 

J.N.B.M.: Você teve ótimos lampejos poéticos e realizou construções frásicas surpreendentes. A obra foi compartilhada para ser lida criticamente durante a criação ou foi uma produção isolada?

L. P.: Após a elaboração da primeira versão, os também poetas e sagitarianos Claudio Willer e Macaio Poetônio trouxeram colaborações importantes com suas leituras.

 

J. N. B. M.: O livro parece evocar algum espírito da natureza, de ordem xamânica. Você concorda com esta afirmação?

L. P.: Na busca poética pela diversidade e pela vitalidade, os animais, as plantas e demais elementos da natureza são manifestações fascinantes do infinito.

 

J. N. B. M.: No livro vi uma bela intertextualidade, diálogos com outros poetas da literatura brasileira. O livro Desejo de terra tem a intencionalidade de efetuar esta conversa poética?

L.P.: A Poesia é uma criação constante e coletiva. Estes diálogos estão no livro como homenagens principalmente, apontamento desta visão.

 

J. N. B. M.:  O livro Desejo de terra livro flerta com o surrealismo?

L. P.: É uma referência importante. Admitirmos a existência de outras realidades e possibilidades além da lógica humana hegemônica é libertador e nos aproxima mais da terra.

 

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