Livro fabular da Copa do mundo de faz de conta inteira o valor supremo da imaginação como enlace do fio narrativo por empatia ou participação no coletivo

 

Fernando  Andrade

Jornalista e crítico de literatura

 

Se um leitor tal qual a lâmpada de Aladim, quisesse três desejos sendo que um  já fosse suficiente pelos outros dois. Ir na livraria Mar de histórias. Mas não apenas para ouvir um livro, sim ouvir pois livro tem orelha. Todos sabem. Um mar com tantas correntes que não só literárias, mas sim, fabulares, arquetípicas, e lá encontrasse um veio de profunda inteireza do conhecimento secular do que se fabula.

E pulasse de uma estante, um certa traça de livro, um carrapato chato que gruda na leitura. Ei aqui te digo que tenho um pequeno bosques de histórias que se perdem ou encontram nos caminhos do futebol. Mar, bosque, aquilo soava para menino, muito natural, então foi-se como um suspiro para dentro do livro não sem antes ver o autor que se chamava Cesar Cardoso e na estampa do livro rutilava como título A copa do mundo do faz de conta. editora Biruta. Mas ele não estava biruta, jurava que tinha entrado no livro  não com crítico, mas apenas com menino-leitor.

 Olhando o livro por dentro viu que ele tinha um fio da meada, algo como um pedaço de barbante deixado por quem sabe um minotauro que foi ao labirinto da ficção achar desafios da leitura. Aquilo era muito interessante pois puxava pelo fio do sono-sonho uma peregrinação ao mundo do faz de conta. Claro estamos em junho. Com a copa América e um menestrel chamado Américo que pega pela mão a jovem Valentina e entra no mundo da copa do mundo entre times ou arquétipos, os fios narrativos que traçam até quem sabe o tapete mágico da mil e uma noites.

Este menino viu como Cesar passa uma flanela nas palavras, como uma lâmpada genial que acende ideias que correm e passam as geniais. O gênio estava ali com sua lâmpada. Um caminho tem sempre um percurso.
Que tanto pode ser físico como imagético através da luz nunca refratária dos sentidos. Pois o autor, viu o menino, burila os sentidos de cada conto de fada fazendo um exímio trabalho de hibridizar as teias de cada narração fabular onde a palavra dá pé. Ela tanto não afunda pois estamos falando de um time que adora afundar, como pé de um limoeiro que não é tão azedo em suas misturas ou limonadas.

Cesar torce as palavras no sentido mais lúdico, pegando a trama e a (e)novelizando com outros arquétipos de enredos fabulares ou contos de
fada. Para isso usa a composição do personagem como lobo mau, torcendo
sua composição arquetípica, como um jogador foda; um artilheiro da bola que faz minha fama de mau, Raul Seixas, Erasmo Carlos. Sergio Sampaio. A narrativa fabular é (trans)cursiva pois ela agrega valores ou ninfas de outros sumos ou histórias. É bem sabido que na narrativa fabular ou infantil,   o cerne da história está em como contá-la. Na verdade o veio ou  a fonte  de uma vem da sua forma especialmente com cunho criativo. Estabelecer relações entre o maior esporte bretão com uma mitologia dos contos de fadas é na verdade entrar de sola sem pênalti neste imaginário onde competição, relações identitárias entre grupos, são cada vez mais importantes para este mundo acoplado a telas invisíveis de smartphones.

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