A linguagem é o ponto de partida
de meu contato com o outro
o que me trona ser humano
em cada instante
antro de meu imaginário
desvio
A linguagem é a que separa
a que hierarquiza
a que mantem no poder os poderosos
a opressora
a fratricida
A linguagem
é uma flor da cultura
como
orquídea
desabrochando na sala
principesca
(do livro “PEDE O DESEJO”, Chiado, outubro 2018)
Oh! Burguês, em que mundo tu habitas?
1
Me chamas a porta e docemente falamos da chuva noturna
Da sirene que tocou assombrando a madrugada
“Moradores das áreas de risco, dirijam-se aos lugares pré-
determinados
O nível da água está subindo”
Com seus olhos cheios de inocência e ignorância da vida, ela
afirma (são sempre assertivos) e me pergunta
Que gente! Como podem querer morar na beira do rio? Como
podem ser tão ignorantes? Não sabem que a chuva vem e leva as
casas que eles montam? Você moraria na beira de um barranco?
(Trabalho em andamento)
Sol de meio-dia
O campo de trigo está dourado
Será uma ótima colheita!
Hoje deverei pintar aqui
Tenho um campo de trigo
muito amarelo e muito claro
Talvez a tela mais clara
que eu já tenha pintado
Ah! Théo! Que fome
A fome está me enlouquecendo
Que barulho é esse?
Que bater de asas é esse?
São os corvos se aproximando em rodopios
A fome está me matando
Que ironia!
Morrer de fome
junto aos campos de trigo
Théo não me abandone
Eu só tenho você no mundo Théo
Ninguém mais
e os corvos que descem em bandos
E esses corvos que descem…
E esses corvos que descem…
(Do livro “GREGOS, ROMANOS, ORIENTAIS E ALGUNS HOMENS A
MAIS” Blocos 1994)
Eliane Pantoja Vaidya é M. Sc. Em Física de Partículas pela UFRJ. Nascida em São Luís, MA, vive no Rio de Janeiro.
Obras publicadas;
Em poesia:
Iluminada Mente, pela Editora Blocos. SobrexistÊncias, edição particular.
Gregos, Romanos, Orientais e Alguns Homens a Mais, pela Editora Blocos.
Pede o Desejo, pela Chiado. Contos:
Três Contos, pela Edição da Autora.
Romance: A Paixão de Ana Ó, pela a Amazon.com
Be the first to comment