Livro de poemas Forte Apache usa um lindo manancial de metáforas para falar do interdito ou não-verbalizado.

 

 
Fernando Andrade
afernandoab e1548154736280 - Livro de poemas Forte Apache usa um lindo manancial de metáforas para falar do interdito ou não-verbalizado.

 

 

 

 

 

Jornalista, escritor e crítico de literatura

 

 

Na fala parece que temos um equalizador de signos e sentidos; a interpretação está sujeita à sujeiras, mas não porque o emissor quis. Houve talvez um gancho; um tipo de rascunho-rasura que o pensamento mais rápido que a fala atropelou. Ou até um lapso ou chiste feito zombeteiramente. A escrita nos leva a outro caminho, onde o inconsciente flutua entre o dizer e não ousar falar. Uma zona que busca a indissociação do dizível buscando o indizível. O não verbalizado. Me veio à mente esta colocação acima lendo o livro de poemas, Forte Apache, do Ramon Ronchi pela editora penalux.

Não só porque o autor busca uma fala até corriqueira ou cotidiana iniciando seu livro sobre poemas da infância, mas também porque o poeta procura associar esta construção de pensamento que usamos no dia a dia, conotativamente, ele descontrói na linguagem escrita. Seria uma paródia? Não acho. Talvez buscar nas ações humanas onde se dão através da fala coloquial onde não prestamos atenção devida as sombras do humano gerando alguma má índole, uma melhor postura e acepção na linguagem escrita, onde criaríamos um efeito de comparação entre o que se omite na fala mas não se consegue na textura da escrita.

Ramon tem um tom fluido e “descompromissado” em narrar fatos-eventos sob o olhar ou marcação da própria linguagem metaforizada. Sua caneta-visão é sempre altera com o mundo, mas não o desenhando apenas como uma imitação. Ali o poeta metaforiza as relações sociais com imagens que sempre fazem um certo tipo de substituição. como o poema Forte apache que temos a imagem do índio ou casa do índio como uma metáfora da mesa, lugar seguro? ou esperado para a ação da mãe enquanto opera a cozinha. Parece uma escrita da proteção, algo como uma roupa camuflada pois a escrita nos serve para nos envolver com o mundo através do seu mimetismo-mimese.

Ramon cria no decorrer de todo livro uma leve odisseia de um homem que parece que retém um pouco da infância perdida. Falar por alusão, não é apenas tatear uma referência. É brincar com o fato, é enovelar um trauma? Criar uma capa de proteção. E sua capacidade imaginativa e elaborativa de conceitos-poéticos indo por caminhos ora surreais ora humorísticos, nos leva nós leitor ao som de uma canção de Tatit. O linguísta da música Popular Brasileira.

 

CONCEITO: EXCELENTE

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