“Existir é transmutar” – Três poemas de Ulisses de Carvalho

 

gataria
no vão daquela hora
em que a noite desaba
sobre o dia enegrecido
resta um outro segundo
para o tempo do mundo
guardar todos vocês
noutra madrugada
no meio do nada
pelas ruas vazias
encharcadas de sereno
sobre alguns gramados
em todos os telhados
um deles é branco
outro é preto

todos pardos.

 

dos devires
nada é.
tudo está.
o corpo que habito,
as chagas, as árvores,
as fachadas das casas,
das igrejas,
os lençóis sujos
dos puteiros,
a saliva dos monges,
as línguas bifurcadas
das cobras,
dos seres vivos
à matéria inorgânica,
tudo denuncia
a passagem do tempo:
existir é transmutar.

 

(im)permanência
meu corpo, a minha voz
meus tropeços, tudo em mim
será até quando,
um somar anuários
– de carne e osso
sou sujeito a durar pouco
(o que vinga a existência,
acesso ao infinito, é pedra:
em silêncio impondo sua forma,
não murcha sob – ou sem – a água)

 

O meu breve perfil: 
Nasceu em Torres, no RS, é geminiano com ascendente em escorpião, nunca soube o que queria ser quando crescesse, mas teve algumas certezas do que não queria depois que começou a cursar Letras, há muito tempo que sente a necessidade cíclica e ao mesmo tempo infinda de escrever, sobretudo poemas, alguns de seus poemas já foram publicados em blogs, jornais e revistas
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This Article Has 1 Comment
  1. Sandra Regina Mayworm Reply

    Boa noite!
    Sobre os poemas de Ulisses, sempre me surpreendem pela intensidade e simbolismo.
    Hoje olhei com mais atenção o lay out do site, e devo dizer que é muito lindo pela simplicidade e pela mensagem que deixa.
    Abraços em todos !

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