Livro de poemas Céu nas mãos brinca poeticamente com os tempos narrativos e ações que se desfazem em sonho

 

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Céu nas mãos, Editora Moinhos, é um livro não só de poesias, há uma interessante intermediação entre o eu poético que passa como um coador de café, o pó da memória para transformá-lo em água turva de lembranças, mas que há em sua poética, uma doçura de crônica, de se fazer momento, instante que a crônica externiza um fato ou até uma lembrança. É como se exercício da escrita jogasse com tempos narrativos distintos, como se a memória fosse objetos palpáveis de se brincar, de se jogar de um lado da vida à outra que não sabemos

As ações estão sempre em torno de algo tão concreto como algo inatingível? como o céu. Samarone Lima usa de uma falsa simplicidade, algo como um certo traço filosófico que seria como um riso de um monge budista que ao trocar o ensino formalizante pelo chiste ou a veia alegórica, faz de seu discípulo, não o ensino, mas o caminho à qual ele possa ser a própria mensagem em seu corpo, ou sua própria experiência, não estará fora de si, como elemento à ser captado ou entendido.

Como numa narrativa onde há uma ação? enovelará à ponto dela se condensar em matéria da memória, aqui talvez um poema totalmente subjetivo e climático tenha certa dificuldade de obter esta transição de estado de temporalidade-matéria. É preciso certa linearidade da ação narrativa para ter esta quebra de suspenção crível – (real)idade, onde exatamente começa o sonho- a via memorialística, do meu presente?

 

Fronteira

alfinete do tempo
Alcançou o balão
Que o menino segurava – ação?

Ali a infância cruzou sua fronteira
Mas o menino segurou por muito tempo
o barbante vazio – memória?

Às vezes, o menino olha para a mão
que segura o balão – ação?
E sabe que tudo será como lembrar.

 

afernandoab 300x300 - Livro de poemas Céu nas mãos brinca poeticamente com os tempos narrativos e ações que se desfazem em sonhoFERNANDO ANDRADE, jornalista, poeta e crítico de literatura. Faz parte do Coletivo de Arte Caneta Lente e Pincel. Participa também do coletivo Clube de leitura onde tem dois contos em coletâneas: Quadris no volume 3 e Canteiro no volume 4 do Clube da leitura. Colaborador no Portal Ambrosia realizando entrevistas com escritores e escrevendo resenhas de livros. Tem dois livros de poesia pela editora Oito e Meio, Lacan Por Câmeras Cinematográficas e Poemometria, e Enclave (poemas) pela Editora Patuá. Seu poema “A cidade é um corpo” participou da exposição Poesia agora em Salvador e no Rio de Janeiro. Lançou em 2018 o seu quarto livro de poemas A perpetuação da espécie,  Editora Penalux

 

 

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