Lino Mukurruza – Poeta e professor de língua portuguesa, moçambicano e autor de “Vontades de partir e outros desejos” (FUNDAC, 2014) e “Almas em tácitas” (LUA DE MARFIM, 2015).
.astrologia de uma crença impossível.
.que a crença interrupta do corpo.
.se devolva a leveza do nada.
.o esponjo.
.onde uma pedra remessada.
.mexe com o tempo.
.nutra-se emenda inóspita.
.na prestável ganância.
.que ocupa opaca tédio médio crê.
.poro que inventa vento do longe .
.na mão do corpo.
.e do tempo que envolve pulso e.
.vaidade científica incauta.
.joga no sobre ego de.
.um deus individual.
.que reside na mera avidez.
.remendada a equação.
.entre tempo e distância em acerto.
.que conjuga a sintaxe de um jato progressivo.
.na memória manipulada a tempo avaliado.
.parva palavra.
.eixo rigoroso.
.palavra voadora.
.mastiga asa de ave no vento.
.palavra imaginária.
.o caos ferve fogo secreto.
.queima na brisa.
.brasa da mão oculta.
.palavra abraçada.
.endireitada sobre haste da memória.
.dedo interior flameja.
.no ângulo imaginado.
.sobre a recta palma finita da mão.
.uma nuvem neve.
.pedra brunida reunida.
.área e chão.
.palavra corta alicerce.
.seguro e maduro.
.noite amadurece.
.palavra assente na pedra imaginária.
.onde fio-de-prumo.
.compacta a dimensão própria e original.
.corpo compacta eixo seguro.
.e outra palavra acabada.
.endireita a física da matéria.
.memória e métrica do verbo.
.é imaginado sobre objecto concreto.
.o poema e a palavra oculta de sempre.
.solidão.
.solto.
.meu mar íntimo.
.da correnteza do medo.
.e na coragem do fogo externo.
.joga-se sobre a alma.
.outra concha aberta.
.abre o rosto sobre as ondas dos olhos.
.e na foz da voz interior.
.que transborda o leito na pupila.
.um rio é soltado e voa bem no alto.
.solta a solidão do externo.
.com conchas e o tempo.
.guarda-lhe o conceito secreto.
.do amor e tudo.
LINO MUKURRUZA
Contacto: (+258) 843617916/ E-mail:umaabordagemliteraria@gmail.com
Be the first to comment