Ética humana, por Evan do Carmo

“Quando os homens são éticos, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis. ”
Para iniciar este ensaio, me apossei deste pensamento de Benjamin Disraeli, apenas troquei a palavra puros, por éticos. Na sociedade humana, hoje regida por boas leis, ainda não compreendemos corretamente a razão da falta de justiça e paz no mundo. As leis, embora feitas por homens bem-intencionados, não raro são baseadas em princípios divinos, inspirados por leis que remontam a antiga Grécia, contudo, não são suficientes, pois os homens não são capazes de se auto governar, a prova é que os vários tipos de governo já experimentados, nenhum deles se mostrou eficaz para corrigir antigas mazelas da sociedade organizada.
Há, na obra judaica, no livro de Eclesiastes, livro este elogiado por grandes eruditos como Harold Bloom, tem um pensamento intrigante, onde reza: “Homens têm governado homens para seu próprio prejuízo”, em outra referência da mesma fonte inspirada, diz assim: “Bem sei oh Deus que os homens não são capazes de dirigir os seus passos. ”
Jesus Cristo, em seu famoso sermão da montanha, registrado por seus leais seguidores, fala sobre uma regra de ouro capaz de resolver todos os problemas étnicos, sociais e jurídicos da humanidade, diz o Cristo: “Portanto, tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. ”
Este pensamento universal antigo, de boa moral humana, todo em parte, a sua essência pode ser encontrada em várias religiões. No Zoroastrismo, (Cerca de 660 – 583 a.C.) No Budismo, (Cerca de 563 – 483 a.C.), Não importa sua autoria, e sim seu ensinamento, que de fato, se for posto em prática resolverá todos os conflitos armados do mundo.
A ideia do bem e do mal sempre foi assunto de preocupação para as grandes almas, que já viveram neste planeta. Desta forma, cada um deixou sua contribuição, como um elo, que se for juntado aos demais, e sobretudo, posto em prática poderia melhorar bastante a situação do homem terreno.
Aristóteles começa sua Ética com estas palavras:
“Toda arte e todo saber, assim como tudo que fazemos e escolhemos, parece visar algum bem. Por isso, foi dito, com razão, que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem, mas há uma diferença entre os fins: alguns são atividades, ao passo que outros são produtos à parte das atividades que os produzem. ”
Platão:
“O Bem ilumina o ser com verdade, permitindo que seja conhecido, assim como o Sol ilumina os objetos e permite que sejam vistos – nota-se aqui a analogia entre Bem e Sol apresentada no mito da caverna.”
A Ética de Epicuro
 “A cada desejo é conveniente perguntar: que sucederá se for satisfeito? Que acontecerá se não for satisfeito? Só o cálculo cuidadoso dos prazeres pode conseguir que o homem se baste a si próprio e não se converta em escravo das necessidades e da preocupação pelo amanhã. Mas este cálculo só se pode ficar a dever à virtude da sabedoria, que é mais preciosa que a filosofia, porque por ela nascem todas as outras virtudes e sem ela a vida não tem doçura, nem beleza, nem justiça.
Em minha opinião não sei conceber que coisa é o bem, se prescindo dos prazeres do gosto, do amor, dos prazeres do ouvido, dos que derivam das belas imagens percebidas pelos olhos e, em geral, todos os prazeres que os homens têm pelos sentidos. Não é verdade que só o gozo da mente é um bem; dado que também a mente se alegra com a esperança dos prazeres sensíveis, em cujo desfrute a natureza humana pode livrar-se da dor”.
Sempre tentando encontrar uma regra ou uma norma ideal de vida, onde o homem possa ser íntegro, feliz e ao mesmo tempo moralmente bom ou puro, estes sábios indicaram um norte, mas que nunca foi seguido de perto por muitos homens, é fato que alguns poucos souberam aproveitar este conhecimento milenar para regrar suas vidas. Mas, infelizmente, em uma sociedade plural, como modelo de vida ou de governo nunca foram aplicadas tais normas de conduta.
As leis existem para tipificar crimes e ilícitos. Nós sempre fomos competentes para criá-las, até mesmo com exacerbado exagero, todavia, nunca fomos capazes de seguir, em sua real inteireza e essência, uma única sentença divina, a regra de ouro do Cristo, ou de tantos outros que a proclamaram.
“Portanto, tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. ”

 

 

Evan do Carmo, Nascido na Paraíba em (29/04/64) é poeta, escritor, romancista, jornalista, músico, filósofo e crítico literário. Fundou e dirigiu o jornal Fakos Universitário. Criou em 2009 a revista Leitura e Crítica. Tem 22 livros publicados, sua obra está disponível em 12 países, (um livro editado em inglês. (O Moralista) Entre outros estão: O Fel e o Mel, Heresia poética, Elogio à Loucura de Nietzsche, Licença Poética, Labirinto Emocional, Presunção, O Cadafalso, Dente de Aço, Alma Mediana, e Língua de Fogo. Participou também com muitos contos em antologias. Foi um dos vencedores do concurso Machado de Assis do SESC DF de 2005. Em 2007 foi jurado na categoria contos do concurso Gente de Talento 2007 promovido pela Caixa Econômica Federal, ao lado de Marcelino Freire. Em 2012 criou e editou até 2015, os Jornais: Correio Brasília, Jornal de Vicente Pires, Jornal de Taguatinga e o Jornal do Gama. Evan do Carmo é estudioso da obra de José Saramago, em 2015 publicou o livro Ensaio Sobre a Loucura, e o livro Reflexões de Saramago, momentos antes de sua morte, o livro nos oferece um panorama perfeito na voz do próprio Saramago em forma de ficção ensaísta, sobre a obra do Nobel Português. Em 2016 criou a Editora do Carmo e o projeto Dez Poetas e Eu, onde já publicou 100 poetas, e o livro Um Brinde à Poesia, uma obra de coautoria com outros poetas contemporâneos.

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