Três poemas de Fernando Andrade

 

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Maiara Líbano

 

 

 

1
Um autor estourou
Mil palavras num epílogo.
Dizendo – Mi companheiros, Adeus.

A barca do romance disse até logo
E apitou zarpando pelos seus ancestrais
Que escreviam diálogos
Para a maré alta quando a literatura
Pedia lastros e âncoras

Amarrava o fundo do céu
Com palimpsestos e o escritor é seu orador
Ancoragem coragem a ficcionalizar insetos
Feito Kafka à beira mar.

 

 

2
Lisura suja
Atue enquanto é tempo
Sem falsa modéstia
Já foi bem política
Em questões midiáticas.
Não banque a arrogante,
Balões não vão lhe fazer
Flutuar com certa elegância.
Lisura suja, impostura.

 

 

3
Imagine seu próprio
Corpo, político?
Da sua cabeça fóbica
Pouso o ombro:
Uma coluna dória
Que gravita no tronco
História de organismos óbvios?
O pulmão, coração e rim,
Uma e duas mãos
Articuladas por dois mastros
Braços que acoplam navios ao mar
Membros inferiores como pernas e tornozelos
Não esquecendo dos: genitais

* A perpetuação da espécie.

 

 

 

Fernando Andrade, 49 anos, é jornalista e poeta. Faz parte do Coletivo de Arte Caneta Lente e Pincel e do coletivo Clube de leitura onde tem dois conto Quadris na coletânea  volume 3 e Canteiro no volume 4 do Clube da leitura. Colaborador no Portal Ambrosia com entrevistas com escritores e resenhas de livros.  Tem dois livros de poesia pela editora Oito e meio.  Lacan Por Câmeras Cinematográficas e Poemoemetria e acabou de lançar Enclave ( poemas) pela Editora Patuá.

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