a torção dos corpos, atroz
vou ver o fogo de perto
nada importa que não esse fogo
esse movimento brutal
ritual
vozes gritam em uníssono
tomada por demônios
canto junto a imensidão do inconsciente:
que bem se poderia mar ou terreno baldio
balas, vidros, pedras, madeiras
a alerj se auto-regurgita
lá dentro ficam os policiais
cada vez mais putos
grita, dança, ataca e taca fogo
no imperativo
em pedaços de cidade recolhidos
& aglomerados no centro
vou ver o fogo de perto
vem os bombeiros
são aplaudidos
de súbito, estio
tudo some, vê-se o resquício
escapando das rebarbas da paisagem
por onde bombas de gás abrem clareiras
à fumaça tóxica, caminho
para a próxima lufada de ar
dois policiais espreitam
eu fumo um cigarro palheiro
o cinegrafista registra
com ares de que somos presa e caçador
eu e o policial
fui ver o fogo de perto
ele levanta a mão empunhando um spray
cantei e caminhei
a lata dourada brilha na altura dos meus olhos
era o que pude imaginar que resolveria
ele aciona o jato e já não vejo
II
Tento esquecer mas sigo com vultos e cenas sonhadas.
Vaporosamente o cheiro do hibisco
Me abre narinas e poros
Café que se desabrocha no esôfago e vai
Pilhando as sinapses pra que pulsem
O dia desliza e o tabaco faz-se cinza
Entre construir e dosar um modo seco de existir
Renasço nos tragos daquilo que há de matar-me
A coleção de anúncios antitabagistas
Cresce voluptuosa e a resina em meus dentes
Adere em camadas e vem enfeitar o sorriso
Funcional, por hora.
III
rabisco esse inenarrável desastre contido
nas mãos em concha
vazantes no limite dos dedos
estalo um ressecamento mas não
tudo úmido / meu dentro ardendo
cio de bicho / comichão,
digo isso sabendo que não
pra dizer tesão : concórdia química
arremata um laço.
No meu pouco corpo
Sem meu peito baço
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