Fernando Andrade | escritor e jornalista
Orar é uma conversa como o divino. Ler já é uma conversa com o invisível.
Mas a imaginação, revela-nos dois caráter distintos. Na religião, acomodação
paz, resignação. Na leitura, provocação, faísca, dúvida, e multiplicação. Mas Deus pode estar presente num bom livro, como matéria metafórica, e metamorfoseada em saber criativo, que também é matéria da fé, ou da religião. Escuro, noturno, sombrio novo livro do poeta Fernando Maroja, é uma viagem ao centro do eu, expandida pelo mundo tanto geográfico como espiritual, no formato do saber da experiência da leitura, como uma via filosófica entre o individual matéria do ego da parte interior humana com o caminho para conhecer o fora, o mundo.
Fernando, em versos litúrgicos, imbuídos de uma elevação misteriosa com a comunhão, com o sublime, percorre a travessia do conhecimento perante tanto a fé, quanto a arte como sublimação do homem em frente à natureza.
Para isto, o poeta utiliza de referências à Grécia, a história, e os livros que já foram conhecidos e lidos perante a trajetória da humanidade.
Desmembrado em 7 suítes que fazem parte como obra, isolamento viagem, cada uma delas abarca uma experiência humana, com a solidão, a comunhão, a liberdade, de conhecer-te a ti mesmo. Na parte da viagem quase um diário do périplo pela Europa, a relação entre conhecimento com a história é quase uma epifania. Ver passa além de uma fisicalidade da visão, embuti também o transcendental, o místico, a elevação através da religião, não à toa, Deus é citado muitas vezes no decorrer do livro.
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