https://www.faunomendonca.com/bragof
Fernando Andrade | escritor e jornalista
A pior corrente de um homem pode ser seu predestino. Como acordar de um sonho e encontrar dois soldados que possuem as respostas para sua consciência entre o sono e a vigília. Para o homem que olha em sua volta pode-se também enxergar a névoa que encobre a paisagem por trás. A névoa que frisa a janela do trem, que pode ser encobridora sobre o auto engano ou a aparência de si mesmo.
Mais a escrita não se trata da descrição, apenas, sim, forja paisagens ou focos de sentidos que podem ter tantos sonhos encobridores ou realidades aparentes. Do seu cerne humano, o personagem que quer ir a certo lugar, acorda, e parece não ter tanto contato entre arestas de sonhos por se auto-descobrir. Precisa ter em mente, um ponto para deslocar-se para um lugar chamado Bragof. E para que um percurso para a estação de trem, e pegar uma locomotiva transitória entre passado presente e futuro.
Fauno põe a narração numa percepção de si do personagem, sem no começo da história, o leitor sentir as ambições e frustrações do seu narrador. Como todo personagem que espreita no trem, temos certa postura ambígua e dual, com relação ao que o personagem se concentra na caminhada para seu destino. Certa hora, ele desce do trem, e se volta para estação final, onde vários caminhos, percalços, farão um exame de consciência.
A espera me parece aqui o purgatório de dante enquanto se espera o cristão ser auto avaliado e renovado como a culpa do pecado original.
Todos os personagens na estação, encarnam arquétipos como de um carta de tarot, onde para cadapalavra virá como uma auto sugestão íntima para seu aprimoramento pessoal. Bragof passa a ser um devir futuro devassado por tantos funcionários da estação. O trem não como metáfora da viagem, mas como um certo fluxo sobre as linhas da vida, um lugar de desespero, solidão, e aprendizagem.
Be the first to comment