Livro de poemas Campo de pouso utiliza a pintura como forma de expressar uma elegia sobre a saudade | Fernando Andrade

ERIC PESTRE - Livro de poemas Campo de pouso utiliza a pintura como forma de expressar uma elegia sobre a saudade | Fernando Andrade

 
 
 
 

Fernando Andrade | escritor e crítico literário

É possível se despedir de alguém olhando uma pintura? Ao contrário das palavras que sinalizam já saudades, que formam um sentido sobre o luto, a imagem pode ser ambígua quando lidamos com a morte de uma pessoa. Uma foto de outono com folhas amareladas pode ter um peso mil vezes maior que todas as palavras. Pois nossas imagens são como sonhos, que velamos exatamente quando dormimos. E sonhos podem ser poemas cheios de simbologias, encaixes, como um pequeno quebra-cabeça enigmático.
Ao perceber na leitura dos poemas do novo livro, do poeta Eric Pestre, Campo de pouso, 7 letras, sinto como se percebesse luzes por entre pinceladas e matizes de tinta de uma escrita crepuscular como um fim de tarde. O poeta faz pequenas nuances de sentidos no lusco fusco da imaginação do leitor quando tenta significar suas sinapses com alusões e metáforas.
São camadas de expressividade que existem por entre versos, por entre palavras que deslizam pela corrente numa ordem muito fluida, como um rio. Eric trabalha a palavra para talvez designar um traço de saudade num lugar onde não faz mais de encontros, de toques, de marcações entre pessoas que se gostam e se acompanham.

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