por Marcelo Frota
Assim que comecei a ler a obra O que me restou da autora Caroline Larroque (Editora Penalux, 2020), logo me identifiquei e me envolvi com sua escrita. Em cada poema podemos ver momentos, situações e emoções vividas com o passar dos dias, do tempo, da vida da autora e nossa.
Seus poemas, em sua maioria curtos, mas que carregam uma marca que não nos passa despercebida: a sensibilidade, sendo que essa marca, nós leitores, podemos encontrar em variados temas e no que há de mais profundo e bonito na poesia, na autora e em nós.
Como leitor, me vi envolvido de um modo diferente, e você caro leitor, vai passar pela mesma experiência, que pode ser igual, semelhante ou totalmente diferente da minha, mas isso ninguém tem como comprovar. Por meio de sua poesia, Larroque nos possibilita ter sensações distintas e em momentos distintos, nos faz refletir sobre temáticas como o amor, a solidão, a morte, a loucura, o místico, a vida, o medo, a tristeza, a alegria, entre tantos outros.
Alguns desses temas apesar de serem retratados como um todo na literatura, sendo até considerados tabus, foram trabalhados pela autora de modo sistemático ao longo da sua escrita. E o que dizer dos jogos de palavras que a autora nos presenteou em alguns poemas? Pois bem, ela conseguiu fazer junções perfeitas que ao final nos surpreende e nos mostra sua intimidade com as palavras, isso tudo de uma forma simples, mas imprescindível e mostra com a maestria e a experiência de quem já viveu muitas vidas.
Minha experiência com a leitura de O que me restou, revelou-se positiva, por considerar as inúmeras surpresas que tive ao longo dela e por acompanhar cronologicamente o desenvolvimento da escrita da autora, o que é um privilégio. A cada palavra lida, o leitor faz uma viagem única e intima ao fundo da alma, tanto sua, como de Larroque, isso é observado no poema “Quem?” onde lemos:
“Me abdiquei com tuas imposições/ num fardo que tive de carregar./ Me vi outra com dois corações:/ um que era meu e um para/ — te agradar.”
Existe uma intensidade sem tamanho, vinda de cada estrofe, cada verso, cada palavra escrita por Caroline Larroque, não há meios termos, mas sim sentimentos completos e complexos, sejam de dor, de amor, ou de uma mistura de vários sentimentos, apresentados com uma singularidade ímpar. Difícil é parar de ler e não querer reler. Isso se vê no poema “Ass.:” quando lemos:
“[Tua morte é renascimento./ Soar mórbida era teu sinal./ A Poesia constrange mais/ que uma menina em seu funeral.]…[Lembro-te inteira toda aflita/ e o riso que escondia tua dor./ — Que minha história seja escrita!/ Um último desejo ordenou.]”
Com a leitura de O que me restou da autora Caroline Larroque, você se encanta por sua inteligência e sensibilidade em cada palavra. Essa obra é uma preciosidade na estante de qualquer leitor, que assim como eu, sempre estará folheando, lendo e relendo, contemplando a escrita dessa autora que soube com maestria, assim como poucos o fazem, usar as palavras de modo simples e ao mesmo tempo com uma profundidade única e encantadora.
Marcelo Frota é professor, escritor e poeta. Apaixonado por música, literatura e cinema. É coautor de Compilação Poética das Margens e autor de O Sul de Lugar Nenhum, lançado em 2019 pela Editora Penalux.
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