Resenha | Livro de poemas “livro dos interiores” não separa obra e criatura no aspecto mágico da criação | por Fernando Andrade

 

 

por Fernando Andrade|jornalista e crítico de literatura

Sento para escrever esta resenha do Livro dos interiores da poeta Yasmin Bidim editora Penalux, às 12:48 de um domingo perto de um fim de junho, sobre a ascendência de uma troca de Gêmeos por Câncer. Os peixes não nadam nos aquários, estão, danadinhos, nadando no mar sobre esta quarentena fria de 2020. Interiores como a casa, ou até o próprio  oceano; esta labuta de personagens que vão de Moby dick até o velho e o mar.

Estar fora do eixo, do centro das coisas, é o que nos redime a poesia? Pegar os objetos com a mão seria uma noção de afeto? Como então trazer nossa bugigangas para um repertório livresco que seja livre e ao mesmo tempo um tantinho triste. Com a leveza da pata de um felino, a poeta Yasmin, nos colore por dentro, pois toda identificação de seus escritos devem ser um logradouro semelhante ao destino de outros poetas, que usam a palavra como resgate de uma humanidade que está dentro da gente mesmo com as coisas erradas acontecendo à todo momento. Mas diz Freud ou eu boto na boca do doutor, os erros são nossos pergaminhos de nossos poemas mais sinceros.

Yasmin convida você leitor a passear pelo interior de sua casa que tem janelas; olhos de bem olhar, tem portas, bocas de bom poetar, refletir sem acento, ou sem importância. Pois as  palavras da poeta parecem dia de domingo, como eu aqui sentado teclando afetos sobre o livro da autora, onde o gato dentro do café da manhã parece páginas de uma mesma linguagem benfazeja ao ócio prazenteiro de ser simplesmente.

Yasmin pega o cinema com uma fonte de iluminar imagens tanto fixadas num quadro de lembranças que não parecem tão fixas na sua cronologia mutante. Futuro, uma lambida de gato? onde as afecções ainda são carregadas de sentidos individuais.

 

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