In memoriam de Carlos Reichenbach Filho
São Paulo, anos 1990. A metrópole é cinza. O poeta entoa: “Resistir, durar, resistir à morte.” Anseio infrutífero. A morte, seu anjo, de beleza inequívoca, percorre Alma Corsária. Filme que alia o grotesco e o sublime, em uma estranha e moderna conjunção. Tua poesia agrega nomes como os de Augusto dos Anjos e de Cesário Verde. Avivas, assim, Reichenbach a relação entre cinema e poesia. A relação que leva a concretizar o ideal de Buñuel, de o cinema, o bom cinema, ser inequívoco instrumento de poesia.
Lembrança
Mas ainda houver um oásis em meio ao deserto,
Ou seja, quem guarde a lembrança do que fomos,
Seremos de alguma forma resgatados, eternos,
Pois nossa efemeridade será então vencida.
E as cores da saudade em relação ao que partiu,
Trará emoção à pessoa que realmente a sente.
Por isso, a lembrança não é mero refúgio, escapismo,
Mas sintetiza o ontem no hoje e prepara o amanhã.
Cópula
Na conjunção dos corpos.
A carne descansa
Após o gozo corporal,
Culminando numa pequena morte.
Os amantes retomam a cópula,
Vibrando quais poderosos seres,
Renascidos em meio às cinzas.
Mas que tende à eternidade,
Os parceiros imprimem sua assinatura.
A faceta sagrada que trazem consigo
Henrique Duarte Neto é catarinense, têm 47 anos, funcionário público, doutor em Literatura pela UFSC, publicou vários livros de crítica literária e, recentemente, viu a concretização de dois de seus projetos poéticos os livros Musas seguidas de poemas filosóficos (Insular, 2019) e Provocações 26 (Kotter, 2019). Os poemas saídos nesta edição são todos inéditos.
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