Fernando Andrade: O poeta não pode ser feliz porque a poesia produz sublimação. E sublimar é fantasiar, poetizar, imaginar universos…
Sua poética parte desta pequena canção onde homem tenta enaltecer os bons motivos. Fale disso.
Carlos Woitchunas: Eu creio que o poeta pode, sim, ser feliz, mas sob uma perspectiva diferente do que a palavra “felicidade” invoca ao senso comum. Para nós, poetas, ser feliz é ser livre e compreendido, deixar nossa marca no mundo e ser contemplados de um modo parecido como são os gatos: Apreciados pelo que naturalmente são, sem domínio nem expectativas demais. Nossa felicidade é uma satisfação mais sutil e menos eufórica, mas repleta de significado e alegria interior.
Apontar os bons motivos é uma busca recorrente de minha poesia, onde cada pequeno detalhe de nossas vidas cotidianas recebe uma luz quente que nos revela a esperança, a autonomia e o conforto necessários para seguirmos sendo quem realmente somos, ou nos tornarmos quem realmente queremos ser. Em meu livro, há poesias de toda sorte de sentimentos, mas todas correm para o mesmo objetivo: Motivar o leitor a ser protagonista de seu próprio destino. Para isso, bons motivos não faltam.
Fernando Andrade: A vida não tem modo de usar e suas peças estão ou podem estar desencaixadas… seus poemas são urdiduras-encaixas.
Carlos Woitchunas: Minha poesia é uma forma de encontrar sentido no aparente caos e desordem da vida. Teci em meus versos conexões entre partes soltas da experiência humana, mostrando que até mesmo aquilo que não parece se encaixar um dia encontra o seu lugar através da coragem e perseverança que encontramos no próprio caminho. Toda peça encontra seu lugar: Algumas se encaixam, outras preferem se desencaixar… O importante é que todas tem escolhas que, com força de vontade, poderão se concretizar.
Fernando Andrade: O milagre da autoria é que o poeta singulariza o ser em questão. O poema deve ser eu sempre, comente.
Carlos Woitchunas: Analisando seus próprios sentimentos e sensações, o poeta clareia e sintetiza suas ideias no papel, então toda poesia, inconscientemente, tem, sim, muito do eu. No entanto, muitas vezes o sentimento daquele que escreve faz sentido para aquele que lê, fazendo com que este se identifique e possa tomar sua própria interpretação sobre cada palavra. Em suma, o poema deve ser “eu” sempre, mas este “eu” gera empatia e acaba virando porta-voz de todos os leitores da obra.
Fernando Andrade: Há certa musicalidade nos seus poemas, Você é também compositor de canções?
Carlos Woitchunas: Sim, também componho canções! Atualmente, conto com as músicas “Mano” e “Anjo de Marfim” no Spotify e demais plataformas, mas as composições para projetos futuros já somam mais de vinte letras musicadas. Sempre gostei muito de trabalhar com ritmos e rimas, atributos que utilizo tanto em minhas músicas quanto em minhas poesias. A musicalidade torna as poesias mais leves e embaladas, e desde meu primeiro livro, “Alma sóbria, Coração ébrio”, as que contam com este atributo são algumas das que mais recebem elogios. Como sempre digo, a poesia precede a música, e muitos de meus projetos foram poesia antes de receberem minha voz e meus acordes.
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