“Mestre, quero sentir os objetos com meus olhos” – poema de Fernando Andrade

 

 

 

Fábula
do
alfinete
 
Cansado de ausentar-se do mundo
Pediu ao mestre para sentar-se ao seu lado
 
Mestre, quero sentir os objetos com meus olhos
Mas você é cego, rapaz
O que o senhor tem na mão neste exato instante?
Alfinetar
Um verbo, não entendo, posso?
O que você quer na verdade?
Passe-me o verbo
 
O mestre botou-o na mão de Raimundo
 
É pontudo, fino e agudo…
Agudo? O que você faria?
O senhor não usou a denominação certa,
 
O mestre sorriu…
 
Raimundo levou o alfinete à mão e espetou com força em\si
 
Agora que sei seu uso destrutivo, passe-me alguma
pessoa
sua
para alfinetar.

 

 

 

 

 

Please follow and like us:
This Article Has 1 Comment
  1. Roberto Monteiro Reply

    O que é um agudo, senão o uivo do verbo espetando ouvidos?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial