Livro de poemas Cínico golpeia o poema no que deve ter de mais intrínseco: doer a existência.

Livro de poemas Cínico golpeia o poema no que deve ter de mais intrínseco: doer a existência.

 

Há uma dúvida na cabeça de um homem errante. O amigo do homem é Whisky engarrafado? ou em terras tupiniquins quis ser assim, uma tulipa de chopp ou será ou o é; o cão: este signo da permanência grata do afeto. Pois no coração do homem errante há desespero pelo afeto não devolvido como moedas de um níquel, qualquer.

Beber, passar a ser quase um ócio estoico criativo, e claro, por tabela, o ser bebum pede um contato com as musas da ficção. Passa a escrever, mediunicamente como se fosse a távola da salvação redonda da sua honra. E o vício já se inscreveu em sua alma exilada. Há duas formas de sublevar o real: mostrando-se avestruz como um ovo que é a primeva noção de conceber, o inaudito, de ver o mundo com olhos mundanos. Mas há quem prefira enfiar a cabeça na terra. Você já viu? qualquer escritor-poeta fazer isso.

Marcelo Pierotti não transforma água em vinho. Nem pão em peixes. Suas coisas ( poemas) são a rua de sua cotidianidade, chutando tanto aí percalços, frustrações, idealismos da imagem transversa, para tanto, não metrifica como bom percevejo ou versevejo o quitute da boa divisão (verso)(u)tilizada. Segue o fluxo espontâneo de um bom gole ou papo, ninguém para para pensar no que vai dizer quando está sôfrego ou trôpego? Imagens quase cinematográficas passam pela retina-página do leitor-interior. É muito fácil a identificação com dom do escri-ba(r), se dá por torrentes de afecções sobre abandono, tesão, desejo altero por uma mulher de boa-de-danada.

Há divisões no livro. Aquele parece ser o nervo óptico se dá pelo tom? ou som? Cínico, ah! é o nome do livro, ( editora Patuá), (enclave de cão). Aqui o melhor amigo do homem, tem em si, rebatimentos esmiuçantes e sutis, um canil, uma figura danada de triste, esta amizade presa, confinada, o homem é seu melhor grupo social? ou perambular socraticamente pela existência errante, será o melhor tangenciamento humano para encontrar demônios, bestas, a paz de espírito parece ser um espirro virótico-neurótico na lama-alma deste homem.

Obs: este texto foi olvidado por algum escriba já morto talvez renitente em deixar musas no caminho… ( Charles Bukowski)

Cotação: Ótimo

 

 

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Fernando Andrade, poeta, escritor, parecerista, crítico de literatura e jornalista. É autor do livro Perpetuação da espécie, editora Penalux, 2018.

 

 

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